(04/09/2013)
terça-feira, 12 de novembro de 2013
(04/09/2013)
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
sexta-feira, 5 de abril de 2013
sábado, 5 de janeiro de 2013
(Esta canção persegue minha memória desde que eu a ouvi pela primeira vez, aos quatorze anos - e achei tão triste e bonita. Repetia e repetia e repetia no pensamento só o primeiro verso desde então, porque era o único de que me lembrava. E aquela tristeza em que me reconheci ficou guardada nesse trecho mínimo de canção por mais de dezessete anos. Hoje, pela primeira vez, voltei a ouvi-la. Nunca a tinha procurado. Um poema infantil de Lorca musicado por Paco Ibáñez, descobri agora. E acho que não a perco mais.)
http://youtu.be/6VMxeqfwUro
terça-feira, 1 de maio de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Não me lembro de quando se vai deixando.
(Herberto Helder)
quinta-feira, 7 de julho de 2011
domingo, 26 de junho de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
(Eu menti. Já eram as primeiras horas do dia primeiro de dezembro quando escrevi isso, mas mudei o horário da postagem para que novembro existisse aqui.)
domingo, 31 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sábado, 31 de julho de 2010
7 de julho de mil novecentos
e cinqüenta e seis. Ted Hughes e Sylvia Plath ainda dormem.
É uma noite quente.
....................................O céu
põe em sua pele pequenas mãos azuis.
....................................................................E ela,
longe dali,
vê um bosque,
............................ouve as árvores que agitam
a luz
...............e o vento feito de leões vazios.
Depois
..................abre os olhos,
vai à varanda
olha algo que há neste perfeito
escuro de verão,
algo que pertence à dor que a espera,
o inverno de dentro de sete anos,
..........................................................a casa
número 123 de Fitzroy Road,
os dias
de chuva,
................a cidade
parada sob a água como um corpo
a que lentamente se acercam os cirurgiões.
Penso em tudo isso enquanto te escrevo outro poema;
enquanto digo:
Você é Patti Smith olhando para uma auto-estrada.
Eu sou o primeiro dia de Lorca em Nova Iorque
Você é Sylvia Plath sentada em um terraço.
Você é Robert Lowell sonhando com um rio.
Mas torno a parar.
....................................Fecho os olhos
e a imagino: observa
as ruas de Madri; ainda lhe falta
saber por quê, mas já sente o medo.
É estranho: ainda
são felizes e jovens,
................................esperam
aprender algo que ninguém lhes possa ensinar;
mas, de alguma forma, Sylvia já pode vê-lo,
ainda faltam sete anos,
.......................................mas já pode vê-lo:
Ted se foi. Está muito sozinha. E talvez pense: lute
por tudo o que lhe converta em quem você acha que é.
Mas o dia está muito frio.
.............................................E a chuva golpeia
a velha casa onde viveu Yeats; onde ela
passa o inverno de mil novecentos
e sessenta e três, o mais terrível dos últimos
15 anos. Está sozinha. Ainda não tem
calefação, a luz se vai, o telefone
não funciona.
.......................E um dia
escreve: “Sou eu mesma. Não é o bastante.”
E outro dia, volta a olhar a neve
sobre Fitzroy Road;
..................................abre o gás,
........................................................escuta
grandes árvores que parecem homens perdidos.
Agora, volto a pensar em você e em mim;
me pergunto
que parte de nós se parece com essa história;
me pergunto
.....................se deveria começar
meu poema: eu sou Ted Hughes queimando
os diários de Sylvia Plath.
...........................................Depois
espero até que tudo volte a ocupar seu lugar,
se refaça,
se feche
muito lentamente, como a água de um rio
atrás de um nadador.
.......................................E logo penso:
— Este poema é Sylvia Plath da mesma forma
que chamamos de vento a uma árvore que se move.
Mas escrevo:
Eu sou você e eu correndo pelas ruas de Londres.
Você é Virgínia Woolf em uma casa vazia.
(Benjamín Prado - tradução de Marília Garcia)
quarta-feira, 30 de junho de 2010
o que se passou foi atribuído a devaneios inconsequentes
o que chegou aconteceu só por si e incendiou-me
ainda assim não consigo explicar o que na verdade me põe tão contente hoje
como não consigo explicar o calor inabitual
do meu coração invulgar bombeando prosaicamente o sangue
de alguém que amei alguém e agora o meu amor é outro
terça-feira, 25 de maio de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Hoje, Marco e Ju foram para Paulínia para começar a filmar seu primeiro longa. Maria Eugênia foi para a Itália. Marina deve ter chegado cedo à Turquia. E Irene, a esta altura, já deve ter nascido. Aline me avisou com um recado no meio da tarde, que iluminou o dia. Ouço agora "quero ver Irene rir/ quero ver Irene dar sua risada", pensando em bons inícios para todos. Belos belos belos dias adiante.
sábado, 3 de abril de 2010
domingo, 21 de março de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Em uma noite, a lua estava baixa e avermelhada e entramos na água. Na outra, andamos e falamos e ouvimos e nos sentamos perto da areia, mas não na areia, e falamos e ouvimos.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
24 de janeiro de 1953. Sábado de manhã, e me dedico ao velho exercício de apanhar o tempo entre os dedos, conforme ele passa, sempre passa e foge. (...) Tenho me dedicado à leitura dos versos vigorosos e densos de Gerard Manley Hopkins novamente: "Como manter - há um modo qualquer, qualquer um, haveria um meio, nos lugares desconhecidos, algum laço ou broche ou trança ou nó, grampo, trinco ou tranca ou chave para conter/ a beleza, para impedi-la, beleza, beleza, beleza... de desvanecer?". Sim, obcecada, como sempre, com o esvair do tempo!
(Sylvia Plath)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
filme
Seu rosto grande
de perfil
sobrancelhas
um olho
pálpebra
nariz
o vinco acima dos lábios
boca
um pedaço da orelha
cabelo
testa
todos os dias
assim que ligo o computador em que escrevo agora
no fundo de tela
tomando o retângulo da tela
seu rosto grande
Há ainda outro retângulo
em que estou com você
e nos movemos
respiramos
você me olha enquanto a luz morre em seu rosto
fala
ouve
agora
em São Paulo
três de outubro
meio-dia e dezenove
ontem depois das três da manhã em meu quarto
no Rio de Janeiro quase duas semanas atrás
no Recife daqui a vinte dias
Está sempre entardecendo
e já é noite
agora
em São Paulo
meio-dia e trinta e quatro
você acende a luz
caminha até mim
e nos movemos
respiramos
agora
em São Paulo
treze horas e onze minutos
sinto sua falta
(Primeiro poema que escrevo em quase dois anos. Se parece muito com outros poemas que estão aqui no blog, tem o mesmo verso final de um deles. Num primeiro momento, hesitei em aceitar isso; depois percebi que os poemas conversam, este aqui surgiu assim, querendo retomar algumas coisas. Então, eu o coloco no blog para que se dê a conversa.)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
ANA
(cantando)
Acordar, tentar dormir, comer
Esperar, tentar respirar, ouvir
Descansar, soluçar, tremer
Estender, aplainar, cerzir
E agora
Este amor insistente
Por tudo o que em você se move
Tudo o que em você se espalha
Pela ínfima duração do presente
quinta-feira, 23 de julho de 2009
terça-feira, 14 de julho de 2009
PEDRO
Tá. E se a gente não se encontrar nunca mais a gente fica aqui vagando pelo parque até morrer.
TERESA
(sorrindo)
Não, até depois, junto com os espíritos. Ou os zumbis. Não sei quem habita essas árvores.
Pedro começa a andar. A cada passo, chuta de leve as folhas que estão sobre o chão, espalhando-as um pouco.
TERESA
Ah, Pedro, esqueci...
PEDRO
(sem olhar para trás)
Agora eu já comecei a andar, a gente só pode se falar de novo quando se encontrar por acaso no fim, não é isso?
Pedro anda mais um pouco. Olha os próprios pés enquanto espalha as folhas. Depois olha para trás.
Teresa não está mais lá.
domingo, 21 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Laranjeira
O idoso conseguia caminhar
e com seus próprios pés
seguiu até uma árvore do pátio de sua casa
na comunidade de Ostitán
no estado de Tabasco
Don Chaguito
aparentemente
trabalhava ainda no campo
com seus pés
seguiu até uma laranjeira de dois metros
do pátio de sua casa
na qual pendurou uma corda de náilon
para enforcar-se
tinha cento e quinze anos
deixou aí jogadas sua cadeira e sua bengala
*
Bilheteira sentada. Projecionista fora de quadro.
Não é preciso que ele diga nada
chove
não é preciso que ele mova trinta graus
a cabeça
e olhe para mim
deve haver goteiras novas
no saguão
me esperam
um pano de chão
um balde
um rodo
me levantarei já
uma de minhas pernas
rígida
as escadas
o talão de ingressos
as poltronas
a luz sobre a tela
a se enfiar
entre
as perfurações da tela
e a perfurar
meu rosto
não espero que
ele veja
mas a metade deste pão
cor-de-rosa
recheado
e cozido
que deixei aqui
sobre as latas empilhadas
quero que ele pegue
e coma
*
O animal, os animais
À beira da pista de
asfalto à beira do
gramado à beira do lago
uma ave bica
repetidas vezes
a lixeira de metal
que reflete sua imagem
(o bico acerta o bico refletido
e acerta o bico refletido
e acerta)
Muito maior que as três pombas
que ciscam sobre o gramado
a ave tem penas pretas
e amarelo-esbranquiçadas
que no topo da cabeça
contorcem-se numa crista
O rabo é descompensado:
uma pena quase solta
faz com que a figura inteira pese
para seu lado
Em desequilíbrio, portanto, para alguém
que a observe, a ave deixa a lixeira
e procura algo na grama
sem atentar ao barulho
que ritmado ressurge
Uma ave bica
repetidas vezes
a lixeira de metal
que reflete sua imagem
Vinda de nenhum lugar
tem as penas todas pretas e
um grito
o bico
amarelo vivo
de resto é igual à outra
em tamanho crista patas
mesmo que ainda preserve a simetria do rabo
Não são patos
nem cisnes
como tantos à beira do lago
Uma senhora as vê de longe
“olha lá o jacu, Manoela!”
mas de perto se desmente
“não sei que bicho é esse não”
Abandonada a lixeira
a ave de bico estridente
aproxima-se de seu par
e erram ambas pelo parque
até a próxima imagem
refletida no metal
essa imagem insistente
que repetidas vezes
sem urgência
acerta o bico da ave
que se põe à sua frente
*
Mulher num quadro de Hopper
(roubado de Angélica Freitas)
Levarei um dia esta xícara até a boca
Calçarei de volta a luva
Roubarei uma banana da fruteira
sob meu casaco
ou sob meu chapéu
ninguém poderá notá-la
Um dia mastigarei
Ora, posso mover-me
Colocarei a fruteira sobre o aquecedor deste salão
e as frutas apodrecerão depressa
Ora, as horas correm
Descruzarei as pernas
Levantarei os olhos deste líquido escuro
Alguém descerá do carro lá fora
e esbarrará nesta cadeira vazia à minha frente
pedirá desculpa
Alguém dirá do reflexo das lâmpadas na vidraça
é um caminho sem fundo a se enfiar na noite
Levantarei um pouco o braço e os dedos presos na louça
Sentirei o gosto de café
um dia
esta xícara até a boca
*
Pegar com as mãos
(série de poemas)
um corpo
Você foi embora anteontem dentro do ônibus de viagem.
Para sair da rodoviária, ele
engatou uma ré muito lenta
fez uma manobra para a esquerda
e pôde então seguir reto
(seu rosto na janela foi junto).
A sua ausência restou, sentada em meu quarto.
Ela é um pouco incômoda.
Ela ocupa espaço.
Ela me faz companhia.
Ela dá trabalho.
Como um hipopótamo levado a passeio.
letra
Como um elefante.
Recebe esta
Pega
Há tempo já que
é matéria
esta palavra
Como um elefante.
Há tempo já
grafite
Esta palavra
pó
Recebe esta
Pega
Como um instante.
carbono
um desconhecido
Esta caneca que você segura
o que quer que tenha dentro
o seu sorriso
a luz que vem da janela
deve ser manhã
vapor leite café
o seu sorriso
a claridade seu olho
o que quer que tenha dentro
seu ombro braço seu corpo apoiado na pia
esta caneca que você segura
a luz que vem da janela
deve ser manhã
ainda
este retângulo
nunca
este retângulo fotografia
contra matéria
O ar que seu corpo empurra
matéria que corre a sala
e se espatifa contra matéria
o piso a parede o teto
você dança