domingo, 17 de junho de 2007

"Andar es no moverse del lugar que escogimos" María Victoria Atencia, "Exilio" O teu corpo treme perto do meu estamos sentados um ao lado do outro na minha cama no hotel é como se tivesses febre mas não estamos doentes eu sinto-me muito calma abraço-te peço-te desculpa por te abraçar retirei a estes poemas o exotismo aliás não houve exotismo nenhum senti-me como o peixe na água (Adília Lopes)

sábado, 9 de junho de 2007

algum sentido onde é que o que é que este teto ainda vai me onde é que dói onde dói

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Clara – Quando eu saí do metrô, um menino de uns sete, oito anos com uma prancheta na mão se aproximou de mim, perguntou se eu podia responder uma pesquisa para ele. Eu falei “desculpa, eu tô com um pouco de pressa”, ele disse “tudo bem”. Ele estava de uniforme escolar, eu olhei e percebi outras crianças com o mesmo uniforme fazendo a pesquisa com outras pessoas. Olhei para trás, o menino já estava afastado. Eu estava ansiosa para chegar aqui, sem saber se estava perto ou longe, com medo de me atrasar. Por isso eu não quis parar para responder. Mas de repente aquilo me pareceu uma coisa que não ia ter cura nunca. Eu não sabia se eu devia voltar, chamar o garoto, falar para ele fazer as perguntas, a gente precisa tanto ouvir um sim, mas parecia impossível dizer “eu estava mentindo, eu tenho tempo para a sua pesquisa”. Eu não fui ríspida com ele, nem ele pareceu triste, não era isso. Mas eu tive uma vontade tão grande de responder, de ouvir mais aquele menino, o jeito dele falar. Eu queria entender. O que é que podia ser, o que você acha? O que a escola pede para um menino de sete anos perguntar para as pessoas na rua? Eu tentei me lembrar das matérias, mas eu não sei. Eu não consigo nem supor alguma coisa. Eu queria entender. (da peça "Seis da tarde")