Não há poema novo.
Mas pensei agora em "Pia" e, procurando por ele, reli, por acaso, "osso".
Cansado de tanto silêncio.
Ia dizer que os dois poemas são de 2006, mas me dei conta de que, se não me engano, os dois são de 2005.
osso
aperta os dedos no meu braço
deita a cabeça num osso que abandona meu ombro
tem um nome
não me lembro
aperta os dedos
aperta
faz dois dias que não choro
repete não ouvi
não, nada
Pia
Você abre a torneira
a luz da lâmpada
baixa um pouco
volta
quando a água pára de correr
então deve ser quente
aí dentro da tigela
que você lava
suas mãos se demoram
na água
mais de um ano
uma carta
escrita
enviada
você aperta a massa
de trigo, fermento
água
ou leite
ovos
talvez
sal
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