Seis da tarde
À beira da cama, sentada
O quarto azul como nada
A tarde é que morre
por trás da cortina
nos móveis
na mão
na retina
Sentada, os pés na madeira
O instante é a história inteira
O chão deste quarto
é o espaço do mundo
o tempo
é pra sempre
um segundo
Que surja lá fora
um qualquer ruído
Que venha dos outros
um qualquer indício
Sentada pra sempre agora
À espera do que a leve embora
Uns passos na rua
Um brilho no vidro
Um cheiro
há muito
esquecido
À beira da cama, silente
Atenta ao rumor do presente
Não há outro tempo
Não há outra esfera
Presente
é memória
e espera
Não há outro tempo
Não há outra margem
Presente
é demora
e passagem
(letra de canção feita para Marina Corazza em dezembro de 2004)
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